17 de maio de 2011

Colheita, ceifa... afinal, qual é a diferença?


Colheita se refere a frutos, ceifa se refere a trigo, arroz, cevada, centeio e grãos em geral. Por isso mesmo a Torá nos fala de Chag HaKatsír (Festa da Colheita) e Chag HeAssíf (Festa da Ceifa).
Na época do Templo em Jerusalém, os três principais chaguím do ano era chamados de “as Três Festas de Peregrinação”. Isso porque todo ano em Pêssach, Shavuót e Sucót o povo judeu deveria viajar até Jerusalém e fazer certas oferendas especiais no Templo.
E qual o motivo dessas peregrinações?
O ciclo anual judaico era intimamente ligado ao ciclo agrícola da terra de Israel e o mês da primavera marcava o primeiro mês do ano, pois é na primavera que iniciamos o plantio dos grãos e cereais. É nesse mês que comemoramos Pêssach (Chag haAviv, Festa da Primavera). Nesta época pedimos orvalho (umidade, mas não muita, pois os grãos não são bons se ficam encharcados).
Em Shavuót (Chag haKatsír ou Chag haBicurím, Festa da Colheita ou dos Primeiros Frutos) comemoramos a colheita dos primeiros frutos que foram plantados no ano anterior, após Sucót.
Em Sucót (Chag heAssíf, Festa da Ceifa) comemoramos a colheita dos grãos e cereais plantados no início da primavera (Pêssach). Ao fim de Sucót pedimos chuva, pois retomaremos o plantio dos frutos que serão colhidos na época de Shavuót no ano seguinte.
E como agradecimento por tudo o que a terra nos dá, nossos antepassados ofereciam no Templo o que de melhor havia sido colhido.
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Outra curiosidade é que a Torá não atribui apenas motivos agrícolas para os chaguím. A Pêssach e a Sucót também são atribuídas razões históricas: “Guardareis a festa dos ázimos porque foi neste dia que Eu vos tirei da terra do Egito” (Ex 12, 17); “Habitareis em cabanas por sete dias (...) para que saibam as vossas gerações que Eu fiz com que os filhos de Israel habitassem em cabanas quando os tirei da terra do Egito” (Lv 23, 42-43).
Contudo, a Torá não atribui um momento histórico a Shavuót. Porém, nossos sábios chegaram à conclusão que, da mesma forma que Shavuót está entre Pêssach e Sucót, assim também está a entrega da Torá entre a saída do Egito e a peregrinação no Deserto.
O problema estava em conciliar as datas. Por um lado, o texto bíblico afirma que o evento no Sinai ocorreu no terceiro mês da saída do Egito (Ex 19, 1), mas por outro lado ele afirma que Shavuót deve ser comemorado cinquenta dias após o dia seguinte de Pêssach (Lv 23, 15-16).
“Aqui não há contradição”, apontaram nossos sábios. A Torá diz no terceiro mês, não três meses depois. Sendo assim, o primeiro mês é Nissan, o mês de Pêssach; o segundo é Iyar; enquanto Sivan, o mês de Shavuót, é o terceiro.
Assim, em 6 de Sivan comemoramos Shavuót. Cinquenta dias após o Pêssach. No terceiro mês da saída do Egito.

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