29 de julho de 2009

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O TALMUD É COMO A VIDA DE JOSEPH CLIMBER

(créditos deste post vão aos meus queridos rabino Marcelo Borer e Profª Dra. Jane Glassman. Postado originalmente em http://www.riototal.com.br/comunidade-judaica)

A gripe suína no Talmud


A gripe suína é conhecida há muito tempo, como sugere o texto do Talmud Bavli, Tratado Taanit, página 21 coluna b:


“Rabi Iehuda[1] foi informado sobre uma peste entre os suínos. Ele decretou um jejum[2]. O raciocínio de Rav Iehuda é que uma peste numa espécie pode se espalhar para outras? (A Guemará conclui:) O trato digestivo de um porco se assemelha[3] ao do ser humano[4].”
O comentário de Tossafot é um pouco diferente: Rabi Iehudá achava que a doença passaria dos porcos aos não-judeus, e destes aos judeus.
Meiri (comentário do século XIII sobre o Talmud) acrescenta que como tanto porcos quanto seres humanos carecem de rúmen[5], havia razão em temer que epidemias que afetem porcos também possam afetar seres humanos.
Como vemos, o Talmud ainda é uma caixa de surpresas...


Notas

[1] Rabi Iehudá bar Iehezkel foi um dos mais importantes discípulos do Rav (Aba Aricha), que inclusive o designou como professor pessoal de seu filho, Rabi Chia. Sempre que o Rav fazia uma viagem em prol da comunidade, levava consigo Rabi Iehuda, para discutir com ele aspectos profundos da Torá. Rabi Iehudá também possuía uma memória brilhante. Após a morte do Rav, foi estudar em Nehardea, com Samuel. Ele fundou a Academia de Pumpedita. Exarou centenas de leis do Talmud, em nome de seus mestres.

[2] Ordenavam-se jejuns em tempos de perigo, embora os judeus não parecessem afetados no caso.
[3] Pois ambos não possuem o rúmen, estômago dos ruminantes.
[4] Indicando que uma ameaça à saúde do animal e também uma ameaça à saúde do homem e este era o temor de Rav Iehuda.
[5] Primeiro estômago dos ruminantes.


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obs do Theo:

1 - Rav Yehudá pertence à segunda geração dos sábios da Mishná, ou seja, sua atuação se dá aproximadamente na época de 250 a 290 e.c. (século III da era comum!!!!)

2 - A Guemará, série de comentários posteriores à Mishná, data aproximadamente do ano de 500 (ou 550) da era comum (século VI!!!!!! Uns 1500 anos atrás!!!!)

3 - Somente na década de 1970 é que os cientistas descobriram as inúmeras semelhanças entre o organismo suino e o humano: tamanho do coração, trato digestivo, temperatura média corpórea, tempo de decomposição após a morte, entre muitas outras semelhanças. Nesta época são feitos os primeiros implantes de válvulas cardíacas suínas em humanos, e hoje em dia cogita-se até testes de transplantes de coração de suínos para seres humanos. (Quem assiste CSI já viu Gil Grissom utilizar suínos mortos para estabelecer - através do estado de decomposição - o tempo transcorrido desde o assassinato investigado até o momento do encontro do corpo). Os nossos sábios de abençoada memória (chachamêinu zichronám livrachá) já sabiam das semelhanças MUUUUUUITO tempo antes dos anos 70.

E sempre tem quem pergunta porque nos referimos a eles como 'sábios'. Cada vez que eu estudo, mais me convenço de que os caras sabiam o que estavam falando. E quando alguma coisa parece muito absurda aos nossos olhos hoje... talvez apenas tenhamos perdido aquele contexto, tenhamos deixado de ver com aqueles olhos. Outras, podem nunca ter feito sentido e passarem a ser impressionantes em tempos futuros - como esta passagem, que pode ter passado desapercebida durante séculos, mas que demonstra que o conhecimento daqueles homens (e também mulheres, como Brúria - esposa do Rabi Meir) estava anos-luz à frente do nosso.

28 de julho de 2009

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GENIAL

Somente que tem gato, ou já conviveu um bom tempo com felinos por perto, percebe as sutilezas presentes em Simon's Cat. Os movimentos, o ronronar, o 'nunca desistir diante de uma mosca'...

Algumas coisas saem mesmo destruídas, mas não a esse ponto. Divirtam-se!

23 de julho de 2009

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CRISTÃOS-NOVOS, MUÇULMANOS-NOVOS, CRIPTO-JUDEUS

A dispersão, as expulsões, perseguições e conversões forçadas diminuíram e muito o número de judeus no mundo no decorrer dos últimos 2000 anos. Obviamente, como historiador, não vou "cometer a inocência" de dizer que apenas nós passamos por este fenômeno. Inúmeros povos sofreram processos de aculturamento geral nesses 20 séculos, alguns pacíficos (muito raros) e outros muito violentos (a maior parte).

O que dizer? Bom, a História não é regular, nem tem mocinhos e bandidos, nem preto e branco, noite e dia, claro e escuro, corpo e mente. A História não é dualista nem maniqueísta. A História é fruto das ações sociais de diversos grupos. A História, enfim, não é assunto para ser explicada em um post, mas sim para ser estudada por toda a vida daquele que por ela se interessar.

Enfim, seguindo para o assunto do post... Em linhas gerais, todos sabemos que a vida judaica sob o Crescente foi muito mais suave, saudável, enriquecedora do que sob a Cruz. Isto não significa dizer que nunca houve períodos de intolerância sob esta ou aquela dinastia, sob este ou aquele califado. Tampouco significaria dizer que a Europa cristã era um inferno na Terra. Significa apenas que a violência gratuita, física e teológica foram muito mais recorrentes no "ocidente" do que no "oriente" (onde o ciclo de violências mais duras só começou em fins do século XIX e início do século XX da era comum.

É justamente neste período que vemos o finado Império Turco Otomano entrando em seu declínio. O grande império que sobreviveu brilhantemente por mais de 600 anos, composto na maior parte de sua existência por períodos de tolerância, crescimento, genialidade literária, arquitetônica, poética e filosófica começava seu caminho em direção ao destino de todos os impérios até hoje.

Não é à toa que é em seu período final que a violência desmedida e irracional toma conta das ações governamentais, como o infame genocídio armênio (entre 1915 e 1917) que fulminou 1 milhão e meio de pessoas, em um dos maiores absurdos já perpetrados durante o século XX por parte de um governo central contra seus próprios cidadãos e/ou cidadãos de sua responsabilidade.

Já no começo do século XIX, vemos que a situação começa a ficar difícil para os cristãos e judeus do Império. Crimes impunes, incitamento a violências por parte do governo (ou com seu consentimento), "remanejamento" de populações e também conversões forçadas tomam lugar na região. Não podemos deixar de lembrar que também árabes muçulmanos sofreram na mão da última dinastia turca: era a famigerada luta entre sunitas e xiitas, na qual inúmeras populações árabes muçulmanas também sofreram a tirania de sultões como Abdul Hamid II (ou Abd al-Hamid II), por exemplo.

Movimentos separatistas e independentistas pululavam nas diversas regiões do Império e, para coibi-las, a mão de ferro do Império descia pesado sobre os líderes de tais movimentos. Ao mesmo tempo, o sultão prometia a Herzl a liberação da livre imigração judaica para o Império, com a condição de que os judeus não se concentrassem em uma única área. Obviamwente o sultão sabia quem era Theodor Herzl, e queria evitar mais um movimento separatista-independentista na região. Por um lado era uma saída para os judeus que desejavam deixar a Europa desde fins do século XIX, quando a judeofobia (termo que eu prefiro a antissemitismo) voltava a crescer exponencialmente naquele continente. Por outro lado, inviabilizava por completo o sonho de Herzl e de seus seguidores.

Fiquem tranquilos, não estou fugindo ao tema. Acontece que sempre houve comunidades judaicas estabelecidas na terra de Israel. Em pequeno número, às vezes menor, às vezes maior, mas um assentamento constante desde a grande dispersão (a Diáspora), após a 4ª Guerra Judaico-Romana em meados de 135 e.c.. Invariavelmente, o Império tentava remanejar essas populações sempre que cresciam (o mesmo acontecia com cristãos), objetivando que eles nunca se tornassem maioria numa mesma região. Outras vezes, promovia conversões forçadas de vilas inteiras com o mesmo objetivo.

E assim surgem os "muçulmanos-novos", cripto-judeus menos famos que aqueles produzidos pela Inquisição. Frutos não de uma ação sistemática e duradoura como a tática cristã, mas sim de ações localizadas e pontuais. É sobre este tema que tratam os dois vídeos abaixo. Assitam.

Parte 1:



Parte 2:



Algo me chamou muito a atenção. A preferência por converter-se a ser obrigado a deixar a terra. Lembra-me a atitude de Raban Yochanan ben Zacai: convecido de que a guerra era inútil e que os romanos terminariam o episódio com a expulsão em massa e a destruição ampla, geral e irrestrita da capital da Judeia, o sábio mestre deixou Jerusalém num caixão (fingindo-se de morto) com o objetivo de negociar o estabelecimento de uma academia de estudos para ele e seus estudantes na cidade de Yavne, na terra de Israel, embora não em Jerusalém. Tudo para permanecer naquela terra.

Foi graças a ele e à Academia de Yavne que os estudos judaicos continuaram, dando espaço para a compilação da Mishná por Yehuda haNassí, lançando as bases do que seriam os Talmudim de Jerusalém e da Babilônia, as obras que permitiram que o judaísmo sobrevivesse séculos a fio. Mas esse é outro assunto. Ou não.

17 de julho de 2009

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A CASA

Desde muito pequenos minha irmã e eu convivemos com o mais variado repertório musical que alguém possa imaginar. Sei o que os "sabedores" de música pensam sobre pessoas ecléticas, mas vou fazer o quê? Em nossa casa sempre foi natural Frank Sinatra e Kakinho Big Dog, Roberto Carlos e Beatles, Mozart, Beethoven e Brahms e Madonna e Michael Jackson.

Sempre tive também uma queda por música sertaneja (provavelmente influenciado pela tia Ligia z'l). Meu pai sempre gostou de música sertaneja "de verdade", como ele diz. Sempre que viajávamos de carro toda a família, não ficávamos um minuto sem música. Viagens longas, de 850 km, tornavam-se ainda mais longas, pois meu pai adora curtir a viagem propriamente dita. Enquanto muitos estão a 100 ou 120 por hora (e às vezes até mais), fazemos nossa viagem numa média de 60 a 70... Alguns acham que meu pai é "pé-de-pena", eu acho que ele gosta de curtir nossa presença, a família toda junta e ele na direção.

Pois bem, muito rock sempre foi ouvido, muito pop, música internacional e nacional, Chico Buarque e Luiz Gonzaga, Amelinha e Platters, Elvis Presley e Donovan, Gianni Morandi e Menudo, Dominó e Fagner, Raul Seixas e Maria Bethania, Silver Convention e Mamonas Assassinas... A lista não é pequena, e faria qualquer um pensar que somos loucos que absorvemos tudo que tenha instrumentos, mas não é assim. Certas coisas não entram nem por decreto. Pagode mela-cueca e funk "de mentira" não entram. De jeito nenhum.

Dentro do carro viajavam cerca de 7 kg de fitas k-7 (ah, que falta fazia o mp3 naquela época...), mas nem todas eram tocadas, algumas faziam parte de um certo "ritual", como a "Diversas gravadas pelo Jonas", a "Diversas Boas", "Plunct Plact Zuuum", "A Arca de Noé vol. 2", entre outras.

Outras vezes, desligávamos tudo, só pra acompanhar as sessões a capela do meu pai. Cada vez surgiam mais e mais músicas estranhas, as quais nunca havíamos ouvido. Muitas delas, lembranças de sua infância, outras, composições próprias (ou paródias de sua composição). Uma geração Coca-Cola (1977 - minha irmã, 1980 - eu) entrava em contato com Vicente Celestino, Tião Carreiro & Pardinho, Carlos Nobre, Bezerra da Silva, entre outros, enquanto meu pai se apaixonava por Legião Urbana e outras contribuições "nossas" à música universal (embora poucas vezes ele admita isso até hoje...).

Entre aquelas que não podiam faltar estava a série de 12 paródias todas compostas em homenagem à Margarida, moça de fino trato, cujas letras eu não posso reproduzir aqui pelos mais diversos motivos, mas também havia a nossa preferida: "A casa gostosa" (ou pelo menos assim que sempre a chamamos).

Com a iminente chegada do mais novo membro da família, meu sobrinho, que nos encherá de alegria, minha irmã perguntou se eu sabia a letra da casa gostosa. Acontece que meu pai sempre ficou de me escrever as letras, mas na prática, tudo foi sempre tradição oral... A Érika disse: "vou pedir pra ele e dizer que é pro neto. Ele vai escrever". NÃO DEU OUTRA!

Comecei a buscar sobre a música no Rav Google e descobri que ela se chama "A Casa", de Tião Carreiro & Pardinho, com uma viola de 12 cordas genialmente tocada por Tião e uma voz de timbre perfeitamente sertanejo e Pardinho. Descobri também que a melodia que sempre conhecemos não correspondia nem de longe à melodia da música original, provavelmente pelo fato de que a tradição oral vai transmitindo muito mais facilmente a letra do que a melodia - lembrem-se de que era uma música da infância do meu pai.

De qualquer forma, segue um vídeo supercriativo que achei no YouTube com a música. Para quem entende de construção ela fica ainda mais bacana! Mas pai, fique tranqüilo. Tanto eu quanto a Érika chegamos à conclusão de que, embora essa versão também seja bacana e a viola seja genial, NADA SUPERA a "NOSSA" versão, a qual certamente será a transmitida aos nossos filhos!



2 de julho de 2009

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PRELEÇÃO FINAL DA COPA DO BRASIL 2009

Veja o vídeo que os atletas do Corinthians viram antes do jogo decisivo da Copa do Brasil. Mais vídeos em nikefutebol.com.