26 de maio de 2009

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REUNIÃO DE PAIS E PROFESSORES

Quando se é professor, muito se vivencia. A criança que vira adolescente e depois jovem; o aluno que aprende a defender suas opiniões e também a SE defender; a pessoa que descobre no professor alguém em que ela pode confiar, que a ajudará ou aconselhará, etc.

O professor tem a oportunidade de presenciar a aprendizagem e o amadurecimento intelectual de sua "prole", e não só presenciar, diga-se de passagem, mas também participar de seu avanço cognitivo.

Nada paga o sorriso e os olhos brilhantes daquele aluno que compreendeu um processo histórico e concluiu sozinho quais os desdobramentos dele. Naquele instante fugaz, o professor vislumbra parte do futuro, pois ali começa a se delinear o adulto.

Enquanto somos alunos não podemos perceber o real papel dos professores e o significado de tudo aquilo que eles nos ensinam (ou tentam ensinar). Muitos e muitos crescem sem continuar a entender. Mais que conteúdos, os professores formam humanos. E, às vezes - já que não somos perfeitos -, conseguimos formar seres humanos melhores para uma humanidade futura melhor.

Neste sentido, ensinar é mais do que transmitir conteúdos (não que os conteúdos não sejam importantes, não me entendam mal); ensinar é uma ardorosa defesa da esperança. É transmitir o legado da humanidade. É uma ação política em direção à perpetuação do Ser humano, em complementação à perpetuação da espécie humana.

Disse Paulo Freire que "a educação é um ato de amor e, portanto, um ato de coragem". Muitas considerações teóricas se fizeram desde então e hoje, na academia, muitos consideram como exacerbada a sua passionalidade. Pode até ser. E racionalmente é. Mas uma coisa é certa: no dia-a-dia da sala de aula não há como não se envolver passionalmente com aqueles seres os quais, se não os geramos, ajudamos a cuidar, a preservar, a podar também e, assim, os fazemos florescer.

A cada dia torna-se mais claro pra mim o porquê das palavras hebraicas horim (pais) e morim (professores) compartilharem liguisticamente a mesma raiz morfológica.

15 de maio de 2009

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EXPERIÊNCIA - חויה

Acabo de ter uma experiência muito bacana com meu 7ºB. Estamos estudando o período do exílio babilônico, a transição do judaísmo templário para o judaísmo "sinagogal" (e a revolução que se mostra ser esse novo judaísmo sem sacrifícios, baseado na tefilá, no estudo e na reunião popular).

Juntos, (re)descobrimos, então, que o texto da Torá conforme conhecemos hoje é fruto da atuação dos sofrím (escribas) e sábios na época do exílio babilônico. Isto é o que a História pode afirmar sobre a compilação da primeira parte do texto bíblico.

E é nesta hora da compilação que vem a experiência. Ao comentar sobre os diversos tipos de texto existentes na Torá (leis, histórias, narrativas míticas - tá, já sei que posso levar um xingo em algum comment -, poesias...), eles ficaram curiosíssimos: "POESIA NA TORÁ, MORÉ?"

- Claro, talmidim! Meninos, peguem suas kipot! Vamos todos descer pra sinagoga!

E assim, sem ter preparado nada previamente, descemos. Abrimos o rolo da Torá, enrolamos e desenrolamos em cima da bimá, e eu mostrei pra eles algumas curiosidades: como saber se um livro acabou, como reconhecer o fim de uma parashá, a canção do mar e sua disposição magnífica pelo pergaminho, o texto "aberto" em duas colunas da parashá Haazínu...

Pra maioria deles, este foi o primeiro contato direto com um Sêfer Torá, pois apesar de já haverem começado aulas de Bar e Bat, as meninas não costumam ler na Torá e os meninos ainda não começaram a estudá-la, quando o fazem, estudam apenas sua parashá.

Uma experiência histórica (pois é a primeira das nossas fontes documentais - e criticável, como toda fonte) e uma experiência religiosa. Embora nossa diretora sempre diga que devemos tomar cuidado ao abordar assuntos religiosos em História Judaica, e que devemos evitar misturar as duas coisas, acho que consegui que eles captassem o espírito do serviço intimista da sinagoga em contraposição ao serviço distante e frio do templo. Repetirei a experiência com os 7°s A e C, com certeza!

Foratalecer (e, às vezes, criar e desenvolver) a identidade judaica em nossas crianças. Esse é o nosso papel como morim. Seja identificação religiosa, histórica, cultural, sionista ou lingüística. Há algum tempo, as escolas judaicas se tornaram escolas de judeus. Um novo movimento agora procura recolocá-la em seu lugar. Tenho orgulho de estar dentro desse movimento, cercado de pessoas tão especiais e com alunos tão bacanas.

13 de maio de 2009

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FELICIDADE

Há alguns meses, alguns alunos me perguntaram:

- Moré, por que você não faz teatro?

- Eu já fiz teatro durante muito tempo, talmidim.

- E por que você é professor em vez de ator?

- Porque ser professor é muito mais gostoso... (Cara de "ué" dos alunos)... A gente fica muito mais próximo do público.

Essas sacadas inusitadas e impensadas acabam revelando muito de mim em sala de aula. Durante muito tempo sabia que queria ser professor. Só não sabia que eu seria assim tão feliz em sala de aula.

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RISOS COM O 7º C

Hoje, falávamos sobre o declínio mamilônico (uma brincadeira minha com eles) e a ascensão dos Persas. Após o reinado de Nabucodonossor, 4 reis se seguiram num período de apenas 23 anos (o que demonstra a grande instabilidade naquele governo, que abriu a possibilidade da conquista persa de "Ciro, o porteiro do Serson" - aliás, o Serson era do 7º C de 2008...).

Os 4 reis foram Amel-Marduk, Neriglíssar, Labashi-Marduk e Nabonido. Aula no 7ºC, intercalada com explicações, interpretações (já que existe um ator dentro de mim, que insiste em aparecer nas aulas) e leitura dos alunos. Sorteio quem vai ler sobre os reis.

"Amel-Marduk - reinou de blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá...."
"Neriglíssar - reinou de blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá...."
"LaBisha-Marduk - ..."

EXPLOSÃO de riso na sala, incluindo o meu. O pior é que o garoto nem tinha percebido a troca das sílabas, e nem no que a troca tinha resultado.

Claro, após o riso, a aula continua. Esses 7ºs C's...

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O GRANDE MAL DA PÓS-MODERNIDADE (ALIÁS, POSMODERNIDADE SEGUNDO O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO, CORRETO?)

Muitas coisas acontecem durante o dia e que dariam um post magnífico. Muitos dias passam sem que nada que desse um bom post ocorra.

Sendo assim, as pessoas esperam então que posts magníficos apareçam, no entanto... Pois é. O problema do blog é que necessário um certo tempo disponível por dia para atualizá-lo, o que não vem sendo uma realidade na minha vida.

Às vezes até existe o tempo, mas não há um computador disponível. Hoje serei obrigado a ter um tempo disponível no computador, mas tenho quatro provas de ivrit pra preparar, além da prova de História Judaica (ou "Agajota", como os alunos costumas chamar).

Será que consigo atualizar o blog enquanto preparo provas? I don't think so....

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PARADOXO

Toda vez que eu penso em atualizar meu blog, percebo que há comentários esperando minha aprovação. E quase sempre são do Uri, perguntando se eu vou atualizar o blog... paradoxal, não?