15 de maio de 2009

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EXPERIÊNCIA - חויה

Acabo de ter uma experiência muito bacana com meu 7ºB. Estamos estudando o período do exílio babilônico, a transição do judaísmo templário para o judaísmo "sinagogal" (e a revolução que se mostra ser esse novo judaísmo sem sacrifícios, baseado na tefilá, no estudo e na reunião popular).

Juntos, (re)descobrimos, então, que o texto da Torá conforme conhecemos hoje é fruto da atuação dos sofrím (escribas) e sábios na época do exílio babilônico. Isto é o que a História pode afirmar sobre a compilação da primeira parte do texto bíblico.

E é nesta hora da compilação que vem a experiência. Ao comentar sobre os diversos tipos de texto existentes na Torá (leis, histórias, narrativas míticas - tá, já sei que posso levar um xingo em algum comment -, poesias...), eles ficaram curiosíssimos: "POESIA NA TORÁ, MORÉ?"

- Claro, talmidim! Meninos, peguem suas kipot! Vamos todos descer pra sinagoga!

E assim, sem ter preparado nada previamente, descemos. Abrimos o rolo da Torá, enrolamos e desenrolamos em cima da bimá, e eu mostrei pra eles algumas curiosidades: como saber se um livro acabou, como reconhecer o fim de uma parashá, a canção do mar e sua disposição magnífica pelo pergaminho, o texto "aberto" em duas colunas da parashá Haazínu...

Pra maioria deles, este foi o primeiro contato direto com um Sêfer Torá, pois apesar de já haverem começado aulas de Bar e Bat, as meninas não costumam ler na Torá e os meninos ainda não começaram a estudá-la, quando o fazem, estudam apenas sua parashá.

Uma experiência histórica (pois é a primeira das nossas fontes documentais - e criticável, como toda fonte) e uma experiência religiosa. Embora nossa diretora sempre diga que devemos tomar cuidado ao abordar assuntos religiosos em História Judaica, e que devemos evitar misturar as duas coisas, acho que consegui que eles captassem o espírito do serviço intimista da sinagoga em contraposição ao serviço distante e frio do templo. Repetirei a experiência com os 7°s A e C, com certeza!

Foratalecer (e, às vezes, criar e desenvolver) a identidade judaica em nossas crianças. Esse é o nosso papel como morim. Seja identificação religiosa, histórica, cultural, sionista ou lingüística. Há algum tempo, as escolas judaicas se tornaram escolas de judeus. Um novo movimento agora procura recolocá-la em seu lugar. Tenho orgulho de estar dentro desse movimento, cercado de pessoas tão especiais e com alunos tão bacanas.

Um comentário:

Vulnera Sanentur disse...

Adoro seus textos. Dá até pra imaginar como foi estar com o grupo. Diga 'sim' ao pedido do Uri e escreva mais sovbre seu dia-a-dia em sala de aula. realmente inspirador. Te amo.