19 de novembro de 2010

_

ESTUDAR O TALMUD É FÁCIL?
Sobre a acessibilidade a um dos mais preciosos tesouros da literatura judaica

Qual a dificuldade em se estudar o Talmud? Podemos começar pela barreira idiomática, ou melhor, pelaS barreiraS idiomáticaS. Sim, pois o Talmud está em hebraico e aramaico.

Outra dificuldade talvez resida no tipo de linguagem, quase telegráfica, usada pelos notários para registrar as discussões na velocidade da fala. Diante da maior parte do texto, precisamos de alguém que preencha as lacunas, indicando o contexto, explicando o que quer se dizer em tão poucas palavras - pouco mais que 140 caracteres por frase (brincadeirinha, hehehehe...).

Por esse motivo, é sempre bom ter um rabino para elucidar essas partes. A corrente religiosa do rabino pouco importa, o que importa é que ele entenda de Talmud.

Também é bacana juntar-se a um amigo (ou amigos) para discutir a cada estudo. A aprendizagem vai muito além do exposto pelo texto e pelo rabino. A imaginação voa, o exercício intelectual é ótimo e a experiência é algo notável.

Mas os dois últimos parágrafos também encontram barreiras nos tempos modernos, devido às dificuldades geográficas e temporais dos nossos dias.

Alguns reclamam da falta de acesso à obra, afinal não se costuma ter acesso ao Talmud assim como se tem acesso a uma coca-cola.

Mas não precisa ser tão difícil. Alguns sábios da atualidade dedicaram-se boa parte de sua vida a ampliar o acesso do texto talmúdico a todos os judeus. As edições do Talmud Bavli da Soncino Press, do Schottenstein ou do Steinsaltz são exemplos claros disso: cada página do Talmud é acompanhada de uma tradução e comentários em várias línguas, como inglês, francês e hebraico moderno (!). Sim, porque o texto em hebraico antigo e medieval não é acessível por todo falante de hebraico da atualidade, sem contar o aramaico que acaba sendo, muitas vezes, uma completa incógnita para o não iniciado.

Você pode argumentar dizendo que, mesmo assim, não é todo mundo que consegue ter acesso diário ao Talmud, para realizar o Daf Yomí (sistema diário de estudo que consiste em se estudar uma página por dia). É aí que somos surpreendidos novamente!

Muitos são os sites onde você pode ter acesso a página por página do Talmud, diariamente, para estudá-lo. Experimente o Aleph Society, ou o Daf Yomi, ou o meu preferido Hebrew Books (onde você escolhe o tratado e a página que deseja estudar e ele se abre em PDF, em qualquer dia do ano - exceto em shabat e yom tov, claro!).

Agora que você tem acesso ao texto original, só falta o rabino que te ajude a compreendê-lo. Pois bem.

O Talmud publicado pela Soncino Press foi traduzido para o inglês pelo rabino I. Epstein, o qual autorizou sua publicação online, disponível atualmente no site Halakhah.com.

Logo, basta que você e seu amigo saibam inglês e se reúnam pra discutir pessoalmente, por MSN ou Skype, não importa! Melhor que isso, só se fosse em português, hein?

Por fim, pode ser que estudar o Talmud não seja exatamente fácil, mas a dificuldade maior não reside mais na acessibilidade. O resto a gente tira de letra!


Bons estudos!

Nenhum comentário: