Nesta última semana nós lemos a parashá Mikêts. Continuando a história de Yossêf, que havia sido lançado à prisão sem ter cometido crime algum, o sonhador e interpretador de sonhos, é libertado da prisão e trazido em frente ao Faraó, que havia tido dois sonhos.
Yossêf lhe diz: “Os dois sonhos são apenas um. As sete vacas gordas indicam sete anos de fartura no Egito, e as sete vacas magras que devoram as vacas gordas são sete anos de seca, fome e penúria no Egito. As sete espigas viçosas e as sete espigas murchas seguem a mesma interpretação”.
Yossêf costumava ver seus sonhos e interpretações virarem realidade e, após um sonho ou interpretação simplesmente se acomodava e esperava o inevitável. Mas não dessa vez. Ele decidiu intervir em sua própria profecia, sugerindo ao Faraó que estocasse provisões durante os sete anos de fartura de modo que, durante os sete anos de seca, nenhum egípcio precisasse morrer de fome.
Pela primeira vez Yossêf não se acomoda em seu próprio dom, e o utiliza em prol dos seus semelhantes. O Faraó vê ali um bom administrador, que enxerga longe e não deixará faltar ao Egito o básico.
Nesta semana lembramos a vitória dos grandes macabeus sobre o domínio selêucida que lhes impunha forçosamente outra cultura e outra religião, sob pena de morte. Os macabeus se levantaram: “Não vão nos tirar o que é nosso por direito!”
Contra as trevas da aculturação, contra as trevas da conversão forçada, contra as trevas que ameaçavam o fim do judaísmo naquele longínquo ano de 166 a.e.c., os macabeus trouxeram a luz pela autodeterminação de um povo, a luz da luta pelo direito à diversidade. O sonho dos macabeus tornou-se realidade ao tomarem a história em suas próprias mãos.
Em Chanucá somos lembrados de nos levantar e resistir contra aqueles que tentam nos anular. Como os macabeus de outrora, também os chalutsím ousaram sonhar, interpretar e reinterpretar seus sonhos, ousaram tomar a história em suas mãos e construir uma nova realidade, mostrando a todos que não seríamos mais a massa de manobra, o refugo de guerra, os eternos estrangeiros jogados de um país para o outro. Não. Não vão nos tirar o que é nosso por direito.
Hoje novos macabeus se levantam, sonhando com uma nova realidade. Não vão lhes tirar o que é deles por direito. Não vão lhes impor de cima para baixo as “vontades superiores” de um novo Faraó.
Eles não ficarão quietos. Tomarão a história nas mãos e mudarão a realidade. Não vão se acomodar como o velho Yossêf! O sonho que o novo Faraó tem para eles não vai se tornar real. Eles vão se levantar e resistir contra o Faraó que tenta anulá-los e esmagá-los.
E os novos macabeus farão acontecer a nova realidade nas escolas, empunhando uma menorá acesa pela maior das causas. A causa da educação. A causa mais dileta para os judeus e o judaísmo.
Moré Theo Hotz